Ao comemorarmos este dom do nosso Deus, adquirimos totalmente a consciência de que o nosso mundo está vergado sob o flagelo da Covid-19, sem nenhum sinal de trégua. As nações lutam para enfrentar o impacto desse pequeno hóspede indesejável que tem causado estragos em todas as frentes.
Tivemos de anular alguns eventos e fazer alterações significativas nos nossos calendários. A partir de agora, já não podemos planificar com muita antecedência e devemos aceitar que o futuro se escreva à medida que ele se apresenta. O aspeto positivo desta situação é que fomos capazes de realizar coisas que nunca tivemos tempo ou não paramos para as fazer. Tivemos tempo para fazer uma pausa, de reavaliar e, assim o esperamos, de reinventar, a fim de sairmos mais fortes da pandemia.
Como nos disse o Papa Francisco, na Fratelli Tutti (nº 33): "A tribulação, a incerteza, o medo e a consciência dos próprios limites, que a pandemia despertou, fazem ressoar o apelo a repensar os nossos estilos de vida, as nossas relações, a organização das nossas sociedades e sobretudo o sentido da nossa existência. " Como poderíamos enfrentar essa dor, essa incerteza, esse medo e essa consciência dos nossos próprios limites num mundo sacudido por todos os lados?
Enquanto tateamos na escuridão da incerteza, incapazes de ver o caminho a seguir, que a verdade do Amor eterno de Deus brilhe sobre nós, trazendo paz, felicidade e boa vontade; dando-nos a firme confiança de que todas as coisas se tornariam mais belas na Hora de Deus!
Olhemos para além das máscaras que usamos; além dos rostos ocultos e das vozes abafadas que conhecemos e levamos a sério o poema do irmão Michaël Herry que tentarei parafrasear.
de uma forma que nenhuma máscara pode esconder.
Que nossos olhos dancem de riso e alegria
para substituir nossos sorrisos ocultos.
Que nossas ações e nossa atenção uns aos outros falem
mais alto do que nossas vozes abafadas jamais poderiam.
E que a generosidade dos nossos corações brilhe através
do que somos e na forma como reagimos face ao mundo que nos rodeia.
Para que os outros não vejam as nossas máscaras,
mas a tua imagem brilhe em nós e através de nós hoje. Amem.
Ao celebrar o “Verbo feito carne”, olhemos para além do caos, concentremo-nos no que é possível e vivamos na esperança de um novo dia que nos é oferecido por Deus que vem habitar entre nós!
As Irmãs de São José de Cluny unem-se a mim
para vos desejar um Natal feliz e abençoado.
Superiora Geral