Minhas queridas Irmãs,
Depois de semanas e meses de preparação, em que caminhámos com Ana Maria, nossa fundadora, chegámos ao termo da nossa caminhada neste bendito dia, a festa do Pentecostes, em que começarmos o nosso Capítulo Geral de 2018.
«Os apóstolos encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar.2De repente, ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada ...3Viram então aparecer umas línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles».Act 2,2
Nós, que estamos reunidas neste lugar para a celebração do nosso Capítulo, somos como os apóstolos no Cenáculo, com Maria, a mãe de Jesus. Vós chegastes do Norte e do Sul, do Oeste e do Leste, "vindo de todas as Nações sob o céu" ou quase! Com a diversidade do nosso encontro, ousaremos dizer que nossa assembleia capitular tem um gosto de Pentecostes?
O Espírito Santo, que é o elo de comunhão entre as
pessoas da Santíssima Trindade e o «hóspede Divino» de cada pessoa batizada, cria a comunhão entre nós, animadas pelo mesmo Espírito. «A comunhão é o fruto e a manifestação do amor que, brotando do coração do Pai eterno, é derramado em nós através do Espírito que Jesus nos dá. Para fazer de todas nós «um só coração e uma só alma». Este é um ponto alto de comunhão entre os membros da nossa família religiosa. Seremos conduzidas, rodeadas pela oração de cada uma das irmãs, especialmente das nossas irmãs mais idosas e das jovens das nossas casas de formação a quem confiamos esta intenção específica. Estaremos também em comunhão com os contemplativos dos mosteiros que prometeram apoiar-nos com suas orações.
Nos próximos dias, a Palavra de Deus, partilhada todos os dias, assumirá um gosto especial e a Eucaristia, que é central na nossa vida diária, será ainda mais intensa durante este tempo do Capítulo.
« A Eucaristia é a oferenda ao Senhor das sementes de vitalidade que preparam e organizam os membros do Capítulo e o acolhimento de cada sopro que faz crescer. Ela está no coração das atividades do Capítulo, o seu pulmão». J.C. Lavigne O.P.
O Espírito Santo, que é o tecelão das relações, ajudar-nos-á a ter em conta as necessidades e os pontos de vista dos outros, a fim de participar efetivamente e deixar de lado os nossos interesses pessoais ou uma tentação de se fechar sobre si mesmo. Não é o Espírito Santo que faz a união entre nós, pelo vínculo da paz? Não é este Espírito de comunhão que deverá animar os nossos encontros e diálogos, os momentos de discernimento em busca comum pela Vontade de Deus para que o reino de Deus seja estabelecido no nosso mundo?
« Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa.» Jo 16, 13. A verdade não é o que sinto, mas o que a Palavra de Deus me diz.
É Jesus, a Verdade em pessoa, que nos diz: "A verdade vos libertará". Jo 8,32. É bem nesta verdade em relação a nós mesmas, nesta liberdade interior, abertura de mente e de coração, que nos deixaremos guiar pelo Espírito de Deus. É livremente que acolho as decisões e orientações que serão decididas e adotadas pelo Capítulo e com a mesma liberdade de repetir meu « sim » a essa renovação interior
que nos será pedida pelo Espírito de Deus. Um convite «a não ter medo da novidade do que o Espírito Santo realiza em nós, a não ter medo da renovação das estruturas. A Igreja é livre. É o Espírito Santo quem a faz avançar. É o que Jesus ensina no Evangelho: a liberdade necessária para encontrar sempre a novidade do Evangelho na nossa vida e igualmente nas estruturas. A liberdade de escolher odres novos para esta novidade.» Papa Francisco
Na escola do Mestre, ouve-se: a vossa tristeza há-de converter-se em alegria … o vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria …a vossa alegria será completa. " Jo. 16, 22. A alegria, dom do Espírito Santo! Fruto do Espírito!
Celebrar um Capítulo conduz-nos numa dinâmica de celebração com um gosto de festa, da alegria dos reencontros, dos cânticos, das liturgias, da convivência e uma dimensão de abertura ao inédito. Tem a sua dimensão festiva, mesmo se, por vezes, algumas de nós o vivem como um tempo de trabalho intenso ou como um percurso iniciático que pode ser causa de medo ou angústia. O desafio espiritual é repetir mutuamente a confiança dada a todas e recebida de cada uma, e assim nos damos mais força para continuar a construir a nossa história. Isto, naturalmente, dá o seu fundamento e legitimidade à alegria, ao prazer de estar juntas, no trabalho e na festa.
Para as discípulas missionárias, a alegria e a fecundidade parecem andar de mãos dadas. A alegria de estar com o Mestre, de permanecer nele, escutá-lo, de aprender com ele. Alegria de acolher seu amor, de ser, pouco a pouco, santificadas, alegria de transmitir a Boa Nova. A fecundidade da Missão não é sempre a obra do Espírito? No seguimento dos apóstolos, somos também chamadas a dar continuidade à missão de Jesus com audácia na fé e na Esperança de ver nascer um novo mundo: "Eu renovo todas as coisas" Ap. 21, 5